BRS encurta a viagem de ônibus entre Leblon e Centro

O primeiro dia útil de funcionamento do Bus Rapid Service (BRS) do Centro foi de longas filas nas primeiras horas da manhã. Tanto que a prefeitura resolveu proibir a circulação de coletivos fretados (como os de condomínios ou empresas) nesses corredores preferenciais. Mas é fora do BRS que os passageiros de ônibus perdem mais tempo. Repórteres do GLOBO fizeram o trajeto entre a Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, e a Rua Primeira do Março, no Centro, a bordo de um ônibus da linha 128 (Rodoviária-Gávea, via Copacabana). Foram 59 minutos (entre 9h17m e 10h16m) para percorrer os 16 quilômetros do trajeto, em velocidades que variaram de 19,7km/h a 6km/h, dentro e fora do corredor respectivamente. De carro, o mesmo percurso foi feito em 53 minutos, ou seja, seis minutos a menos, mas sem as paradas para embarque e desembarque dos ônibus.

Corredor de Ipanema tem o melhor tempo
Nos 1.300 metros do BRS do Leblon, na Avenida Ataulfo de Paiva, a velocidade média do ônibus foi de 15,6 Km/h e o percurso foi feito em cinco minutos. Em Ipanema, os 2,3 quilômetros do corredor da Visconde de Pirajá foram percorridos em 7 minutos, numa velocidade média de 19,7 Km/h, o melhor tempo dos quatro corredores exclusivos.

— Antes, gastava até 30 minutos para percorrer a Ataulfo até o fim. Com o corredor, ficou bem mais rápido, principalmente porque acabou com o estacionamento em fila dupla na avenida — comentou a diarista Mônica Braga Lima, moradora do Vidigal que trabalha no jardim de Alah.

Carros-fortes, obras e táxis: obstáculos no trajeto
Na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, a velocidade média cai para 12 Km/h. Lá, obstáculos no meio da pista do BRS, como obras, táxis embarcando passageiros, ônibus de turismo parado na porta de hotéis e carros-fortes abastecendo o comércio, entre outros, prolongam o tempo de viagem. As paradas mais longas nos pontos de ônibus por causa da presença maior de passageiros também atrasa. Foram 15 minutos para percorrer os três quilômetros de trajeto do BRS de Copacabana. O mesmo percurso foi feito de carro, fora do corredor, em oito minutos, numa velocidade média de 16,3 Km/h.

— Tem muita obra no meio do caminho, e isso atrapalha. Mas ainda é mais rápido do que o metrô. É que tem tantas escadas e rampas para chegar ao trem que mais vale pegar o ônibus — garantiu Delorita Ramos Varges, de 69 anos, que há 10 anos faz diariamente o trajeto entre o Leblon e o Centro.

Quando acaba o corredor, termina também a pista livre. Para se ter uma ideia, o ônibus levou 25 minutos para percorrer 8,5 quilômetros, via Aterro do Flamengo, entre a Princesa Isabel, em Copacabana, e a Avenida Beira-Mar, no Centro, última parada antes de entrar no novo corredor Avenida Presidente Antônio Carlos/Primeiro de Março. No Aterro do Flamengo, na altura da Praia de Botafogo, o coletivo consegue atingir uma velocidade média de 20,4 Km/h, mas a alegria dura pouco. O congestionamento logo aparece e, para percorrer os dois quilômetros finais do trajeto, entre a Marina da Glória e a Avenida Beira-Mar, foram 20 minutos, numa velocidade média de 6 Km/h.

— Ou seja: 12% da extensão total percorrida pelo ônibus representaram 33,9% do tempo total. A essa velocidade daria até para acompanhar o ônibus a pé — avalia o engenheiro Fernando Mac Dowell, doutor em engenharia de transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O mesmo trecho congestionado foi feito pelo carro particular em 18 minutos.

— Para ter mais efeito, o corredor deveria existir da partida até a chegada, sem interrupções — defende o engenheiro.

Segundo o especialista, a velocidade média de 12 Km/h na Avenida Nossa Senhora de Copacabana chama a atenção. O carro fez o mesmo trajeto numa velocidade média de 16,3 Km/h.

— Essa velocidade média de 12 Km/h é comum aos ônibus fora dos corredores exclusivos. Hoje (ontem), o BRS de Copacabana não funcionou nesse horário — disse.

No novo corredor do Centro (Presidente Antônio Carlos), o percurso de 1,2 quilômetro foi feito pelo coletivo em 7 minutos, numa velocidade média de 10,3km/h. O carro fez o trajeto em cinco minutos, mantendo uma velocidade média de 14,4km/h.

Motorista da linha 128 há 14 anos, Pedro Paulo da Cruz conta que o projeto do BRS melhorou muito a vida de quem depende do transporte coletivo e de quem dirige:

— Com o corredor é bem melhor. Nunca marquei no relógio, mas, com certeza, levava mais do que uma hora para fazer o trajeto. Percebo que a viagem ficou mais rápida e menos estressante.

A corretora de imóveis Vanessa Fernandes mora em Copacabana e trabalha no Centro. Ela também defende o corredor exclusivo, mas diz que a economia no tempo depende do horário:

— Hoje (ontem) está mais tranquilo. Tem dias que até o corredor engarrafa, e de nada adianta. Mas, pior ainda, é fora do corredor. Quem sofre mesmo é o carro.

Especialista diz que metrô ainda é melhor opção
Fernando Mac Dowell defende o metrô como transporte de massa:

— Na Linha 1, por exemplo, ele trafega a 36 Km/h e não depende de tráfego. O problema hoje do metrô são as falhas.

Problema que ontem fez o engenheiro Carlos Alberto Bacha trocar de transporte. Ele mora no Leblon e costuma ir para o Centro de metrô, mas ontem, após 20 minutos parado na estação Cardeal Arcoverde, resolveu embarcar no 128.

— O sistema apresentou problemas na estação Botafogo. Mas acabei saindo de um transporte ruim parar embarcar em outro pior — disse, enquanto tentava manter a paciência para enfrentar o congestionamento no Aterro. — A chegada ao Centro é sempre um caos, principalmente por causa dos estacionamentos em fila dupla, como na Marechal Câmara.

Créditos ao O Globo

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