O município de Araruama vem registrando o recebimento de frascos da vacina Coronavac, contra o Covid-19, com doses a menos do que o indicado, segundo afirmação do governo municipal.
Cada frasco deveria vir com 10 doses. Porém, entre 23 de março a 12 de abril, a Prefeitura de Araruama afirma que recebeu quantidade inferior em pelo menos 234 frascos. Ao todo, as perdas são significativas e chegam a 281 doses, o que seria suficiente para imunizar cerca de 140 pessoas.
Conforme orientação do Ministério da Saúde a Prefeitura informou o fato à Anvisa, e posteriormente enviou ofício e e-mail ao Governo do Estado; e aguarda, agora, as respostas.
O Diário Aldeense também entrou em contato com o Instituto Butantan, responsável pela produção e envase da vacina Coronavac no Brasil, para que esclarecesse o ocorrido. Segue a nota na íntegra enviada pelo Instituto:
O Instituto Butantan informa que cada frasco da vacina contra o novo coronavírus contém nominalmente 10 doses de 0,5 ml cada, totalizando 5 ml, e adicionalmente ainda é envasado conteúdo extra, chegando a 5,7 ml por ampola.
Esse volume, devidamente aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é suficiente para a extração das dez doses. É importante que os profissionais de saúde estejam capacitados para aspiração correta de cada frasco-ampola, além de usar seringas e agulhas adequadas, para não haver desperdício.
Todas as notificações recebidas pelo instituto até o momento relatando suposto rendimento menor das ampolas foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação. Portanto, não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes pelo Butantan.
O Butantan realizou por meio de seus canais de comunicação informes técnicos no sentido de orientar os profissionais da saúde a usar as doses extras. Reforçamos que todas as investigações pertinentes foram feitas e todos os controles realizados nos lotes liberados foram avaliados. A conclusão encontrada, e já dividida com a Vigilância Sanitária, é que não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes por parte do Instituto Butantan. Na verdade, trata-se de uma prática incorreta no momento do uso das doses.
É essencial que tais profissionais sigam as orientações e práticas adequadas, no intuito de evitar perdas durante a aspiração da vacina. Seringas de volumes superiores (ex: 3ml, 5ml), podem gerar dificuldades técnicas para visualizar o volume aspirado, uma vez que podem não possuir as graduações necessárias. Outro fator decisivo é a posição correta do frasco e da seringa no momento da aspiração.
O Instituto Butantan vem atuando juntamente aos gestores envolvidos na campanha de vacinação no intuito de orientar cada vez mais os profissionais responsáveis pelas aplicações das doses. Aproveitamos para esclarecer que o Butantan irá revisar a bula da vacina Coronavac, no intuito de promover de forma ainda mais clara as informações relacionadas à forma correta de se realizar a aspiração das doses, adicionando inclusive um QR Code que irá direcionar para um vídeo demonstrativo do procedimento.
Outras cidades do país tem relatado o mesmo problema com os frascos da Coronavac. Ao menos cinco capitais de estados fizeram a mesma alegação.
Redução para evitar desperdício
Ainda que não tenha sido apontado como um fator determinante para a ocorrência de problemas quanto à quantidade de doses, os frascos da CoronaVac tiveram o volume de imunizante reduzido há pouco mais de um mês para evitar o desperdício. Antes, eles continham 6,2 ml, e passaram a ter 5,7 ml.
A redução foi solicitada pelo próprio Butantan à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que autorizou a mudança. Com cada dose sendo de 0,5 ml, anteriormente era possível extrair até 12 doses de cada frasco. Isso poderia levar a um desperdício maior, já que, após aberto, o frasco tem que ser inteiramente aplicado no próprio dia.
Por Diário Aldeense
*Matéria atualizada em 14/04/2021, às 12h04, para inclusão da nota do Instituto Butantan