Ópera Guarany original estreia no palco do Theatro Municipal

Carlos Gomes era um jovem e quase desconhecido brasileiro, patrocinado por Dom Pedro II, quando sua ópera Il Guarany estreou no célebre La Scala, de Milão. O balé exótico e o ritmo ágil com os quais narrava a guerra entre os índios guaranis e aimorés, mesclada à história de amor impossível entre Cecilia e Pery, causaram furor no público europeu, naquele 1870. A partir de então, Il Guarany ficaria gravada como uma das mais importantes e populares óperas nacionais. Sua versão original, porém, sofreu várias modificações desde o seu nascimento, distanciando-se da apresentação que emocionou o público do La Scala. Pois agora, 140 anos depois, é exatamente esta versão original que ganha o palco do Theatro Municipal, em duas apresentações, nos dias 26 e 27 de junho.

Tudo isso graças ao trabalho do maestro Roberto Duarte, que recuperou a partitura original, sob a encomenda da Funarte, trazendo de volta à obra trechos importantes que foram suprimidos com o decorrer do tempo. O público carioca poderá assistir, em primeira mão, à ópera em concerto na sua versão completa, de quatro atos. À frente da Orquestra Sinfônica e do Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, estará o maestro convidado Luiz Fernando Malheiro, especialista na obra do compositor brasileiro.

- O Theatro Municipal tem uma tradição enorme com o Guarany: várias montagens importantes da ópera já foram feitas neste palco - festeja Malheiro.

Ele acrescenta que também é um grande prazer poder mostrar a versão integral do trabalho.

- Guarany sempre foi considerada a ópera nacional por excelência. A abertura é uma música que quase todo mundo já ouviu, de algum jeito. Ao mesmo tempo, trata-se de uma ópera bastante desconhecida. Já foi apresentada diversas vezes em muitos teatros das grandes cidades brasileiras, mas sempre com muitos cortes na partitura. Agora, com a partitura revisada, podemos finalmente executá-la de forma fiel, mostrando toda a música que o Carlos Gomes escreveu.

Como solistas convidados sobem ao palco do TMRJ o tenor Marcello Vannucci (Pery); a soprano Gabriella Pace (Cecilia); o baixo-barítono Licio Bruno (Cacico); o barítono Homero Velho (Gonzales); o baixo Carlos Eduardo Marcos (Don Antonio de Mariz); o tenor Eric Herrero (Don Alvaro), o baixo-barítono Rafael Thomas (Pedro), o tenor Ewandro Stenzovsky (Ruy–Bento) e o baixo Murilo Neves (Alonso).

Baseada no romance homônimo de José de Alencar, a ópera Il Guarany é a terceira composta por Antonio Carlos Gomes e seu libreto, em italiano, é de Antonio Scalvini. Dividida em quatro atos, a ópera estreou no Scala de Milão em 1870, com enorme êxito. Foi ainda a primeira obra de um compositor brasileiro a ser apresentada no prestigioso teatro italiano. O sucesso a levou a uma longa turnê de oito anos, durante os quais foi apresentada 231 vezes em teatros de Florença, Gênova, Ferrara, Londres, Vicenza, Treviso, Turim, Palermo, Catânia, Reggio Emilia, Lugo, Buenos Aires, Varsóvia, Rio de Janeiro, Montevidéu, Paris, São Petersburgo e Moscou.

Passada em 1560, no litoral do Rio de Janeiro, em meio à guerra travada entre as tribos guaranis e aimorés, a história gira em torno do amor entre Cecilia – a jovem herdeira de D. Antonio de Mariz, fidalgo português e chefe dos caçadores de uma colônia lusitana – e Pery, chefe da tribo guarani. Cecilia está prometida para casar-se com D. Alvaro, um aventureiro português. Cecilia e Pery se apaixonam e este decide apoiar os caçadores em sua luta contra os aimorés. Gonzales, outro aventureiro português, hóspede de D. Antonio, planeja trair os companheiros e sequestrar Cecilia.

Pery descobre o plano e consegue impedi-lo, mas, pouco depois, é aprisionado pelos guerreiros aimorés. O cacique decide sacrificar Pery e Cecilia, uma vez descoberto o amor entre os dois. No entanto, D. Antonio e seus companheiros chegam e conseguem acalmar a situação. Neste meio tempo, D. Alvaro é morto em combate. Gonzales não desiste de seus planos e sua segunda traição faz com que D. Antonio e Cecilia sejam encarcerados em seu próprio castelo.

Pery corre em socorro da amada pois sabe que o pai dela pretende se matar e à jovem também. Pery implora pela vida de Cecilia e D. Antonio, tocado com o amor sincero entre os dois, batiza Pery, tornando-o cristão. Os dois fogem e assistem, de longe, a explosão do castelo com D. Antonio, que sacrificou sua vida para salvar a filha.

Créditos à Ascom da Secretaria de cultura

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