Das 20 melhores escolas de ensino médio do Brasil, nove estão no município do Rio de Janeiro, segundo o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010. O Estado de Minas Gerais tem cinco instituições nesta lista e o de São Paulo, apenas duas. O resultado, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), mostra que no ranking dos colégios cariocas com as maiores médias na prova objetiva e na redação, todos são particulares. A capital tem ainda o melhor ensino médio, já que o Colégio de São Bento ficou em primeiro na avaliação geral, à frente de 26.098 escolas no País.
A segunda melhor unidade foi o Instituto Dom Barreto, no Piauí, seguida pelo Colégio Vértice, em São Paulo. As segunda, terceira e quarta posições no Estado do Rio ficaram com os colégios Cruzeiro, no centro, Santo Agostinho, na Barra da Tijuca, e Andrews, no Humaitá. A classificação levou o Rio novamente para o pelotão de elite do ensino. A péssima notícia é que, mais uma vez, o desempenho dos estudantes reforçam o fracasso do ensino público fluminense.
Entre as 100 instituições do Rio com as menores médias na prova objetiva e na redação, 98 são da rede estadual e duas particulares. No ranking estadual, a melhor escola pública do Rio é o Colégio de Aplicação da Uerj, seguido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, mantida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Colégio Pedro II, da unidade Humaitá.
No ano passado, 3,2 milhões de alunos participaram do Enem, dos quais 1 milhão concluíam o ensino médio. O ministro da Educação, Fernando Haddad, considerou positivo o resultado. "Evoluíram a participação e a média nas provas objetivas, que subiu de 501 para 511 pontos".
Rede federal se destaca no Rio
O resultado do Enem mais uma vez reforçou a liderança do ensino oferecido pelo governo federal. No estado, das 20 melhores escolas públicas, 19 são federais e de ensino técnico. Apenas o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, mais conhecido como CAp/Uerj, no Rio Comprido, zona norte, é estadual.
A unidade mantida pela universidade ficou em primeiro lugar no ranking das públicas. A maioria dos professores tem dedicação exclusiva e mais de 90% têm mestrado ou doutorado. "Não focamos nosso trabalho para estar no ranking do Enem. O resultado é consequência do trabalho que começa na alfabetização e vai até o ensino médio", reconhece o diretor da escola, Miguel Tavares Mathias. Os alunos estudam em horário integral e contam com laboratórios de química, física e biologia. "Lamentamos que o ensino de qualidade não seja oferecido em toda a rede estadual", diz.
Primeiro lugar prima por formação cultural de alunos
Ensino em tempo integral, provas aos sábados, reforço na leitura e matemática desde a infância e disciplinas como artes e música, que primam pela formação moral e cultural dos seus mais de 1 mil alunos, são parte da receita do sucesso do tradicional Colégio de São Bento, mantido por monges beneditinos e onde só entram meninos.
Aprovados no vestibular de Direito na Uerj este ano, os ex-alunos Luis Felipe Reis, João Gabriel Pontes, José Carlos Altomari, Francisco Peixoto, Matheus Varaschin e Henrique Rondinelli, todos com 18 anos, são gratos ao colégio. "Houve nosso esforço. Mas passei 10 anos aqui, onde tive minha base e me formei como ser humano. É a soma do preparo dos estudantes com a formação do cidadão", disse João, que estudou desde o 2º ano do Ensino Fundamental.
A supervisora pedagógica Maria Eliza Penna Firme diz que a educação desde os primeiros anos faz a diferença. A escola não suspende aulas nem entre os feriados. Para o coordenador do Ensino Médio, Pedro Araújo, o que resume o São Bento foi o que o falecido reitor Dom Tadeu disse: "aqui se faz o que nos outros colégios saiu de moda. Ensinar e cobrar".
Enem por escola
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgou nesta segunda as médias das escolas no Enem 2010, de acordo com o número de participantes. No grupo 1, ficaram as escolas (17,8% do total) que tiveram taxa de presença a partir de 75% dos alunos. No 2, aquelas (20,9%) que tiveram média de alunos participantes entre 50% e 74%. No grupo 3, entraram as instituições (33% das escolas) que tiveram participação de 25% a 49% dos estudantes. E no grupo 4, foram listados os colégios (27,4%) com participação de 2% a 24% dos inscritos.
Nesse novo quadro, o colégio privado São Bento, do Rio de Janeiro, foi o que obteve a melhor média entre as escolas do grupo 1. Entre as instituições públicas, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, o Coluni, foi o único a aparecer entre as 10 primeiras. No grupo 2, o colégio Santo Inácio, privado e também do Rio de Janeiro, ficou com a melhor colocação. As escolas particulares, aliás, ocupam todas as primeiras 15 posições. Nesse grupo, o pior desempenho ficou com o Centro de Ensino Ardalião Américo Pires, do povoado de Três Lagoas do Manduca, zona rural do Maranhão.
O grupo 3 foi o único em que a primeira colocação foi ocupada por uma escola pública. A melhor colocação, neste caso, foi da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Já o último lugar, da escola indígena Dom Pedro I, do Amazonas. Entre as escolas com menos de 25% de participação, a líder vem do Estado de São Paulo. O COC, unidade Álvares Cabral, obteve a melhor colocação. Em último lugar ficou o Colégio Estadual Agrovila 08, da Bahia. Novamente, as escolas particulares foram a maioria entre as primeiras colocadas. No top 10, somente uma escola é pública: o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás - campus Goiânia.
Créditos ao O Dia